domingo, 30 de maio de 2010

Viagens na nossa terra (Vila Flor)

Por se fazer valer o título de uma obra maior da nossa literatura (de Almeida Garrett), ao iniciar este ciclo de viagens, não pode deixar de se prestar o devido tributo para que essa razão sirva também de estímulo a outras viagens através das leituras.

Mas a nossa viagem é, por vocação, a da música! E, desta feita, o caminho foi-se fazendo longo, mas o desgaste que o corpo acusava, tinha, a cada investida do canto, o seu inverso ao encher-nos a alma. Assim, o calor da hospitalidade das gentes de Vila Flor (de que ficou a marca) fez com que estas outras gentes (os viandantes do canto) se aguentassem, sem esmorecer, até ao fim e, quando o canto cessou, honraram-nos com elogios e oferendas. Mas a prenda maior foi o abraço irmão à despedida.
Ficou a promessa de voltar!


"Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como Sampetersburgo — entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal. Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões: pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica."
"Viagens na Minha Terra" (1846)
Almeida Garrett

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Viagens e Canções



Em terras, outrora, de “Além Sabor”, poderá agora encontrar-se um outro paladar (ou, melhor dizendo, um outro aroma), já não o de Castela, mas desde D. Dinis que é de flores – conta-se que por ali passou, ao encontro de sua amada D. Isabel de Aragão (rainha que se fez santa também pelas flores: “são rosas senhor”), e deu nome àquela póvoa.


Ficamos sensibilizados pelo gentil convite dessa vila florida que fica lá no alto do Douro por de trás dos montes: nada menos que Vila Flor. Por isso também fazemos tensões de percorrer o mesmo caminho deste Rei-Poeta e com o mesmo fito: encontrar o nosso amor!


Será fácil adivinhar que o nosso amor, que todos partilhámos sem haver traição (!) – e essa partilha é que justifica, paradoxalmente, a fidelidade –, reside numa afeição comum: a nossa música. E maior será o nosso amor se maior for a congregação em torno dessa partilha!

Assim, no fim do mês de Maio (Sábado 29, às 21 horas), o Centro Cultural desta Sede de Concelho do distrito de Bragança, será palco para a divulgação da obra de cantautores como José Afonso, José Mário Branco, João Lóio, entre algumas modas de travo e cariz popular e, para terminar, as canções heróicas de Fernando Lopes-Graça.


Por isso estendemos o convite que nos foi dirigido a todos aqueles que, para além das viagens na nossa terra, apreciem o encontro com a nossa música.


Gui

Gui
Que seria de nós... sem gui

Direcção Artística

Guilhermino Monteiro

É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e estudou no Conservatório de Música da mesma cidade.
Integrou vários agrupamentos instrumentais e vocais, de que se destacam a Banda dos Mineiros do Pejão, a Banda Musical de Gondomar (Antiga Monteiro), de que foi Director Artístico, o Coral de Letras da Universidade do Porto, o Coro da Academia de Amadores de Música, de Lisboa, onde trabalhou com Fernando Lopes Graça e o Coro Madrigália, do Porto.
Fundou e dirigiu, durante oito anos, o Grupo Vocal Canto Nono, tendo oportunidade de trabalhar e gravar interpretação de jazz vocal com Ward Swingle, fundador dos Swingle Singers.
Gravou vários CD’s, como cantor e instrumentista, com Sérgio Godinho, José Mário Branco e João Lóio, com quem tem realizado numerosos concertos.
Entre 2004 e 2006, foi adjunto do Maestro Borges Coelho, na Direcção Artística do Coral de letras da Universidade do Porto.
É frequentemente solicitado por diversas companhias de teatro, nomeadamente, TEP, SEIVA TRUPE e ENTRETANTOTEATRO, de Valongo, para preparação de actores na área da voz.
É autor de “O Professor e a Voz”, trabalho editado pelas Edições ASA.
Em Outubro de 1997, fundou, no âmbito do trabalho escolar com alunos, o Grupo Vocal Canto Décimo, da Escola Secundária José Macedo Fragateiro, de Ovar, de que é, desde então, Director Artístico.

Quem Somos?

O “Canto Décimo”, grupo Vocal da Escola Secundária José Macedo Fragateiro, de Ovar, iniciou a sua actividade, em Outubro de 1997, informalmente, no âmbito das actividades escolares de uma das turmas de alunos desse ano lectivo e por iniciativa do professor Guilhermino Monteiro. Cedo, porém, se juntaram outros professores.
Em Dezembro desse ano, o Grupo apresenta-se, pela primeira vez, num concerto de Natal, na própria Escola. A originalidade desta actuação proporcionou a motivação para a continuidade do grupo que passou a actuar em várias actividades escolares, tais como as da então denominada área-escola, iniciativas de professores estagiários, festas de Natal e outras.
O conhecimento da existência do grupo por parte da sociedade local, levou-o a ser solicitado para concertos fora da Escola, passando a actuar noutras escolas e em actividades promovidas por diversas instituições, associações locais e pela própria Câmara Municipal de Ovar, em diversas iniciativas.
No ano de 2003, viu reconhecida a qualidade da sua prestação artística, ao estabelecer um protocolo de colaboração com a autarquia que, desde então, lhe atribui um subsídio anual.
Actualmente, conta com cerca de 70 concertos realizados.
De entre as suas actuações destacam-se: o concerto de abertura do Congresso do Sindicato dos Professores do Norte, em Novembro de 2003, onde actuou perante cerca de mil pessoas, entre Delegados e Convidados, integrando-se num espectáculo multidisciplinar com música (“Canto Décimo” e João Lóio), dança e poesia (“Sindicato da Poesia”, de Braga) e os concertos realizados em Ponta Delgada, em Abril de 2006, a convite do Grupo Coral da Escola Secundária Antero de Quental, daquela cidade.
O Canto Décimo interpreta essencialmente música portuguesa, num leque tão variado que vai desde a música tradicional até à música popular de raiz rural e urbana, com destaque para José Afonso, José Mário Branco e João Lóio.
Como forma de preparar o seu décimo aniversário, o Canto Décimo encontra-se em fase de gravação de um CD, onde ficará registada uma parte significativa do seu actual reportório.
É constituído, actualmente, por 28 professores.